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Tradução de um comunicado da Célula Insurreccional por el Maipo – Nova Subversão
Chile, Fevereiro de 2024
Diante da devastação: sabotagem e guerra!
Assim como entenderam os companheiros que organizam e participam da campanha “Switch Off! The system of destruction” (Desligar! O sistema de destruição), que consiste no “ataque contra empresas e infraestruturas que alimentam a catástrofe ecológica em todo o mundo”. Também aqui, em Abya Yala (nome ancestral do território conhecido como América), têm-se desenvolvido múltiplas lutas pela defesa da terra, desde os povos pré-coloniais que ainda combatem até novas perspectivas anárquicas que se inclinam cada vez mais para a luta pela terra. Embora não estejamos isentos de não poder deter totalmente a catástrofe ecológica, podemos encontrar exemplos concretos de vitórias territoriais que conseguiram frear, expulsar ou ao menos fazer retroceder consideravelmente a materialização de projetos extrativistas, como faz a resistência e ofensiva armada de diversas organizações mapuche em Wallmapu. As lutas em diferentes latitudes não são estranhas entre si e apontam para os mesmos inimigos. Por isso, acreditamos ser apropriado fraternizar e adotar a campanha “Switch Off!” com nossas próprias circunstâncias territoriais e assim não ignorar nossas particularidades.
Ao longo da história de Abya Yala, ela tem sido caracterizada por ser saqueada e violada por diversas mãos imperialistas e poderosos grupos econômicos, tanto locais como transcontinentais, que pertencem à mesma maquinaria de exploração e saque. Hoje, continuamos sendo a pedra angular do capitalismo e seu novo giro, o “capitalismo verde”, a suposta versão “sustentável” deste, encontrando novos interesses que perpetuam o ecocídio como é a extração do lítio, que hoje desempenha um papel fundamental na reformulação do sistema de depredação como foi em seu momento o petróleo, cujas nefastas consequências já conhecemos amplamente. Assim continuam as lógicas parasitárias sobre os territórios “em vias de desenvolvimento” ou “terceiro-mundistas” que, à custa do ultraje, possibilitam e sustentam o status e qualidade de vida do “primeiro mundo”.
Mas diante das múltiplas formas de exploração, também são múltiplas as expressões de combate e resistência que ocorrem nos diversos territórios. Isso é evidenciado pelos confrontos das comunidades que habitam a selva amazônica contra o desmatamento, o deslocamento e a destruição dos ecossistemas, situação que se repete por todo o continente. Também as diversas lutas ambientais, especialmente perseguidas por todas as inteligências estaduais, seu braço armado e o sicariato empresarial, mostrando o desconforto e incômodo que esses conflitos geram no poder, mesmo quando são parciais ou abordados apenas pela via legal. Igualmente, há a ofensiva anárquica que participa desses conflitos, como ao norte do continente, onde as companheiras da “Coordenadora de mulheres anarquistas pela defesa de nosso corpo-território” sabotam as obras do projeto ecocida “Tren Maya”, ou como a resistência no acampamento de defesa no “bosque milenar de Atlanta”, sobre o qual se pretende construir um centro de treinamento policial, lugar onde foi assassinado em confrontos o companheiro anarquista “Tortuguita”. Por outro lado, a situação no sul do continente é bastante similar, como no território dominado pelo estado do Chile, onde esses ataques proliferam e se expandem: na região do Maule, o “Grupo Autônomo Revolucionário do Maule” ataca maquinaria de uma empresa de áridos e asfaltos; na Região Metropolitana, a “Célula Anárkika Boske Negro” ataca uma antena de telecomunicações localizada em um cerro urbano, a “Célula Insurreccional pelo Maipo – Nova Subversão” ataca uma empresa de áridos e uma empresa de frigoríficos e abatedouros de carne, ambas situadas ao longo do mesmo rio, e as “Novas Subversões Anárquicas – Célula Alex Nuñez – FAI” que atacam com explosivos a empresa “Oxiquim”, para citar algumas das reivindicações do último período, sem deixar de considerar e valorizar outros ataques que, sem serem explicitamente pela terra, apontam e atacam o mesmo poder que devasta o planeta.
Considerando nossas semelhanças e particularidades, assim como as urgências e necessidades que nos convocam, parece-nos pertinente somar nas ações contra a máquina depredadora do continente e do mundo na campanha “Switch Off!”, com o objetivo de potencializar nossas lutas e aprofundar o combate contra o existente e seu caráter historicamente internacionalista, tornando visível mundialmente a urgência de negar na prática esta realidade com tudo o que temos à mão, demonstrando por meio da ação que é possível combatê-los, devolvendo o dano aos maiores responsáveis e criadores dessas condições e que é possível abraçar uma vida digna que rompa com a miséria na qual querem nos asfixiar e enterrar. “Lembre-se de que os mecanismos de subjugação e controle nos rodeiam. Onde quer que esteja, não precisa ir muito longe para encontrar as veias da indústria; saia e corte-as”. Resgatamos a memória da companheira Emilia Bau, que foi assassinada em um conflito pela defesa das águas em território Mapuche, do companheiro Santiago Maldonado que se juntou à luta Mapuche e que em confrontos com a polícia foi desaparecido pelo estado argentino e depois encontrado sem vida. Assim também aos weichafes Matías Catrileo e Pablo Marchant, que foram assassinados pela polícia em Wallmapu enquanto exerciam o controle territorial e o sabotagem, respectivamente, contra colonos e florestais. Liberdade aos prisioneiros anarquistas, subversivos e mapuche!! Pela anarquia, pela terra, por nossas vidas.
Célula Insurreccional por el Maipo – Nova Subversão