Em memória de Alfredo Bonanno (1937-2023)
É com pesar que acabamos de receber a notícia do falecimento de Alfredo Bonanno, figura fundamental do anarquismo contemporâneo e um dos mais importantes anarquistas de ação a viver no nosso tempo. Nasceu em 1937 na Catânia, Itália, com seus escritos influenciou anarquistas da Itália e do mundo inteiro. Anarquista de longa data, participou ativamente de diversas lutas de libertação, expropriações e ações diretas. Viveu a vida inteira sob a ética de um anarquismo insurrecto pautado na ação. Em seu texto, tensão anárquica afirmou:
“o anarquismo não é um conceito que pode ser encerrado numa palavra, como numa lápide. Não é uma teoria política. É um modo de conceber a vida, e a vida, sejamos jovens ou velhos, velhos ou crianças, não é algo definitivo: é uma aposta que devemos jogar dia após dia. Quando acordamos de manhã e colocamos os pés no chão, devemos ter uma boa razão para levantarmos, se não, não faz diferença nenhuma sermos anarquistas ou não. Podemos muito bem continuar na cama e dormir. E para termos uma boa razão, devemos saber o que queremos fazer; porque para o anarquismo, para o anarquista, não há qualquer diferença entre o que fazemos e o que pensamos”.
Que a terra lhe seja leve, companheiro. Adeus e obrigado!
Na imagem, separamos um trecho retirado do texto “Prazer Armado”:
“Acabemos com as esperas, as dúvidas, os sonhos de paz social, os pequenos compromissos e a ingenuidade. Todo o lixo metafórico que nos é fornecido nas lojas do capitalismo. Deixemos de lado as grandes análises que explicam tudo nos mínimos detalhes. Enormes volumes cheios de bom senso e medo. Deixemos de lado a democracia e as ilusões burguesas de discussão e diálogo, debate e reunião e as capacidades esclarecidas dos chefes mafiosos. Deixemos de lado a sabedoria que a ética de trabalho burguesa enterrou nos nossos corações. Deixemos de lado os séculos de cristianismo que nos educaram ao sacrifício e à obediência. Deixemos de lado os padres, os patrões, os líderes revolucionários, os menos revolucionários e aqueles que não são nada revolucionários. Deixemos de lado os números, as ilusões de quantidade, as leis do mercado.”