Saudações libertárias, publicamos aqui uma pequena zine produzida por nós com um capítulo retirado do livro de Peter Gelderloos, “Como a não-violência protege o Estado”, para essa zine buscamos resgatar esse classíco escolhendo o capitulo, “A não-violência é racista”. A escolha do capítulo não foi aleatória. A sua relevância e ressonância com os desafios contemporâneos tornaram-no um candidato ideal para o nosso experimento de reedição.
Leia, copie e difunda como quiser o material, seja livre. Essa zine foi editada por la libertaria, um grupo dedicado ao apoio as lutas locais e globais e ao estudo, difusão e investigação da anarquia e do pensamento anarquista.
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“Não pretendo trocar insultos, e só emprego o epíteto “racista” após cuidadosas considerações. No atual contexto, a não violência é uma posição que implica em privilégio. Partindo do fato de que o típico pacifista é, evidentemente, branco e de classe média, está claro que o pacifismo, como ideologia, vem de um contexto de privilegiados. Este ignora que a violência já existe, que a violência é uma parte inevitável e estruturalmente integral das hierarquias sociais existentes; que as pessoas não brancas são as mais afetadas por esta violência. O pacifismo assume que as pessoas brancas que se criam nos subúrbios, com todas as suas necessidades básicas saciadas, podem aconselhar os oprimidos - muitos deles não brancos - para que sofram esta violência com paciência, esperando que consigam convencer ao Grande Pai Branco[1] sobre as demandas de seu movimento, ou que este movimento consiga se conectar com a lendária massa crítica da qual sempre falam. Os negros dos guetos dos Estados Unidos não podem se defender da brutalidade policial, ou desapropriar os recursos para a sua sobrevivência, ou ainda se liberar da servidão econômica. Eles devem esperar até terem um número suficiente de pessoas negras com maiores privilégios econômicos (os escravos da casa da análise de Malcom X), e que as pessoas brancas tomem consciência para se unirem aos negros, para que se deem as mãos e cantem canções. Depois disso, acreditam que seguramente a mudança chegará. Os povos oprimidos da América Latina devem sofrer pacientemente, como verdadeiros mártires, enquanto ativistas brancos, nos Estados Unidos, “dão testemunhos” de suas vivências no Sul e escrevem para o Congresso.” -Peter Gelderloos